terça-feira, 27 de julho de 2010

Aprovado projeto de lei que torna obrigatório teste para detectar deficiência auditiva de bebês

Os especialistas recomendam o exame nos primeiros seis meses de vida. Depois da sanção presidencial, caberá a estados e municípios regulamentar a medida e determinar como os hospitais vão realizar o teste.
De cada mil crianças que nascem no Brasil todos os anos, pelo menos duas apresentam algum tipo de deficiência na audição. Agora, um teste obrigatório vai detectar esses problemas ainda na maternidade.
Só quando Marina completou quatro meses, os pais perceberam que ela não escutava direito. “Ela não se assustava com barulho, não acordava com barulho. E aí comecei a indagar se ela tinha problema auditivo ou não”, contou Pedro Pegolo Filho, pai de Marina.
Marina passou por uma cirurgia, colocou um aparelho e hoje, com um ano e dois meses, ouve tudo.
A Ciência já sabe que os recém-nascidos são capazes de reagir a todos os tipos de som, principalmente os mais fortes. Muitos pais acreditam que aquele susto que o bebê leva com o ruído da buzina de um carro, por exemplo, já é prova suficiente de uma audição perfeita. A descoberta de um problema auditivo nem sempre é tão simples assim.

Um projeto de lei aprovado no Congresso torna obrigatória a triagem auditiva, conhecida como teste da orelhinha, em todos os recém-nascidos. O exame detecta deficiências sutis que não são percebidas no dia a dia.
“Imaginamos que 5% a 10% da população brasileira de recém-nascidos fazem a triagem auditiva durante o ano”, afirmou Doris Lewis, da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
Durante o teste, um pequeno fone é colocado no ouvido do bebê. O aparelho emite um som fraco. O ruído "viaja" pela cóclea. Ao detectar o sina, os cílios se movimentam e emitem uma resposta, que é registrada pelo equipamento.
Se houver problemas na audição, os cílios não se mexem e o aparelho nada registra. Pedrinho, com dois dias de vida, fez o teste. “O bebê ficou tranquilo, não se machucou e é uma prevenção também”, disse Adelson Santana Maciel, pai de Pedrinho.
Os especialistas recomendam o exame nos primeiros seis meses de vida. “Hoje, sabemos que a detecção precoce do problema auditivo é fundamental pro melhor prognóstico. Ou seja, pro melhor desenvolvimento dessa criança”, declarou a fonoaudióloga Flávia Ribeiro.
É o que os pais esperam de Marina. “Ela vai participar, vai estudar em escola normal, sem ter necessidade de linguagem de sinais, nada disso”, disse Pedro.

O presidente Lula tem até a semana que vem para sancionar e lei. Depois, caberá a estados e municípios regulamentar a medida e determinar como os hospitais vão realizar o teste nos recém-nascidos.

Fonte:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/07/aprovado-projeto-de-lei-que-torna-obrigatorio-teste-para-detectar-deficiencia-auditiva-de-bebes.html

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Língua de Sinais deve ser a primeira língua da criança surda...


A língua de sinais deve ser a primeira língua (ou uma das primeiras) adquirida pelas crianças com uma perda auditiva severa. A língua de sinais é uma língua natural, plenamente desenvolvida, que assegura uma comunicação completa e integral. Diferentemente da língua oral, a língua de sinais permite às crianças surdas em idade precoce de comunicar com os pais plenamente, desde que ambos adquiram-na rapidamente.
A língua de sinais tem papel importante no desenvolvimento cognitivo e social da criança e permite a aquisição de conhecimentos sobre o mundo circundante. Permitirá à criança um desenvolvimento de sua identificação com mundo surdo (um dos dois mundos aos quais a criança pertence) logo que entre em contacto com esse mundo. E mais, a língua de sinais facilitará a aquisição da língua oral, seja na modalidade escrita ou na modalidade falada. É sabido que uma primeira língua adquirida com normalidade, trate-se de uma língua oral ou de uma língua de sinais, estimulará em grande medida a aquisição de uma Segunda língua.
Finalmente, o fato de ser capaz de utilizar a língua de sinais será uma garantia de que a criança maneja pelo menos uma língua. Apesar dos consideráveis esforços feitos por parte das crianças surdas e dos profissionais que os rodeiam, e apesar do uso de suportes tecnológicos, o fato é que muitas crianças surdas têm grandes dificuldades para perceber e produzir uma língua oral na sua modalidade falada. Esperar vários anos para alcançar um nível satisfatório que pode não ser alcançado, e negar durante esse tempo o acesso da criança surda a uma língua que satisfaça as suas necessidades (a língua de sinais) é praticamente aceitar o risco de um atraso no seu desenvolvimento lingüístico, cognitivo, social ou pessoal.
Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que esta se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas. A Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período crítico precoce para sua aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela para o qual o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade.

domingo, 6 de junho de 2010

Curso gratuito para pais de crianças com deficiência auditiva


Pelo oitavo ano consecutivo, o Hospital Samaritano de São Paulo – por meio de Instituto de Conhecimento, Ensino e Pesquisa e do Núcleo do Ouvido Biônico – realizará no dia 29 de maio o Curso para Pais de Crianças com Deficiência Auditiva. O evento será aberto para a comunidade e gratuito.

O Hospital Samaritano é um centro de excelência em implante coclear - o chamado ouvido biônico. A instituição é responsável por aproximadamente 10% dos procedimentos cirúrgicos realizados em todo o Brasil.

“Familiares bem informados possuem melhores condições de escolher um tratamento adequado para o deficiente auditivo”, explica a coordenadora do curso, Maria Cecília Bevilacqua.

Tópicos a serem abordados:

* Deficiência Auditiva: Etiologia e Tratamento.
* Avanços tecnológicos nos dispositivos eletrônicos para tratamento da deficiência auditiva.
* Entendendo o Sistema de Frequência Modulada.
* Implante Coclear Bilateral.
* Habilidades auditivas e de linguagem e estratégias facilitadoras no dia-a-dia da criança e dos familiares.
* Criança deficiente auditiva e os primeiros anos na escola: considerações importantes para pais e professores.

Palestrante internacional: Anne Beiter, PhD – Audiologista Diretora Clínica da Cochlear Ltda, autora de vários capítulos de livros e publicações em revistas especializadas sobre Implante Coclear em crianças e adultos.

Curso para Pais de Crianças Deficientes Auditivas
Data: 29 de maio de 2010
Horário: 8h30 às 16h30
Local: Espaço Russel (Rua Conselheiro Brotero, 1505, 9º Andar, em frente ao Pronto-Socorro Adulto do Hospital Samaritano)
Inscrições e informações: (11) 3821-5871

Gente Eficiente - AJUDE A DIVULGAR:

O Gente Eficiente é um programa do Hospital Israelita Albert Einstein que oferece oportunidades de capacitação, contratação profissional, desenvolvimento pessoal e inclusão social para pessoas com deficiência.

Todos os cursos e treinamentos são gratuitos e realizados pela equipe de profissionais (médicos, enfermeiros e professores da Faculdade de Enfermagem e Escola Técnica Albert Einstein).

Desde 2009, aproximadamente 40 profissionais já foram capacitados em cursos como copeiro hospitalar, atendimento ao cliente e formação no Ensino Médio. Deste total, 60% foram contratados pela Instituição.


O programa de capacitação profissional conta com três frentes de atuação:

* Formação no Ensino Médio, disponível tanto para os profissionais deficientes já atuantes no Einstein quanto para o público externo;
* Cursos profissionalizantes de curta duração, para profissionais que já possuem o ensino médio completo, em diversas áreas;
* Apoio financeiro para cursos técnicos e de graduação para os funcionários Einstein com deficiência.


Para inscrições e informações ligue (11) 2151-7437 ou envie um currículo para o e-mail: genteeficiente@einstein.br

A perda auditiva em crianças

Apesar de invisível e silenciosa, a perda auditiva é uma das deficiências congênitas mais comuns, afetando de 2 a 4 bebês em cada mil. Difícil de se detectar mesmo em crianças mais velhas, muitas vezes é confundida com falta de atenção.

Pode ter origem genética ou resultar de infecção pré-natal, das chamadas infecções TORCH (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e “outras”), que podem atacar um feto em desenvolvimento e prejudicar a audição.

Antes da imunização, a rubéola era a maior ameaça, causando surdez, perda de audição e danos cerebrais. Hoje, o culpado mais comum é o citomegalovírus, uma infecção que pode não causar sintomas numa mulher grávida, mas afetar seu feto em desenvolvimento – especialmente se ela contraí-la no primeiro trimestre. A perda auditiva pelo citomegalovírus pode se desenvolver apenas depois do nascimento da criança.

Bebês prematuros ou aqueles doentes o bastante para precisarem de um tempo na UTI de recém-nascidos, também sofrem riscos de perda auditiva, algumas vezes pela privação de oxigênio, outras por infecções graves e outras por medicamentos.

Os fatores genéticos envolvidos são incrivelmente complexos. A perda auditiva pode fazer parte de mais de 400 síndromes genéticas. Em casos que não envolvem uma síndrome, mais de 100 genes diferentes podem estar implicados.

Os pais nem sempre estão cientes de que o problema tenha existido em outros membros da família e até 95% das crianças com perda auditiva genética nascem com audição normal.

Exame

Assim, como se testa a audição de um recém-nascido?

Existem duas tecnologias diferentes. Em emissões otoacústicas, um minúsculo microfone é inserido no ouvido de recém-nascido adormecido, para medir ecos da cóclea quando esta é estimulada pelo som. Com o exame auditivo automatizado de resposta da haste do cérebro, alguns pequenos eletrodos adesivos são colocados na cabeça do bebê para medir a resposta do cérebro a sons baixos.

O exame é o primeiro passo no chamado plano 1-3-6: examinar os bebês com 1 mês de idade, fazer uma avaliação diagnóstica aos 3 meses em todos os que não passaram, e colocar esses bebês em tratamento aos 6 meses.

Uma pesquisa conduzida na década de 1990 pela Universidade do Colorado, mostrou que as crianças que foram ajudadas aos 6 meses apresentavam um melhor desenvolvimento de fala e linguagem do que aquelas em que o problema foi identificado mais tarde.

A ajuda pode vir em forma de terapia de fala e linguagem, aconselhamento e treinamentos para pais e amplificação, incluindo dispositivos de audição, se necessário.

Crianças que nascem com audição normal e são aprovadas no exame, mas desenvolvem perda auditiva após o nascimento, podem passar despercebidas. Afinal, a audição pode se deteriorar também depois do nascimento – e a causa podem ser fatores genéticos, citomegalovírus ou danos gerados por trauma na cabeça, meningite ou exposição a barulhos muito altos.

A perda auditiva pode se desenvolver em qualquer momento da infância. Sempre que os pais tiverem alguma suspeita a respeito da audição de uma criança, seja a audição seletiva, a fala ou a linguagem, eles realmente precisam verificar a audição da criança.

A partir do texto What to Do When a Newborn Can't Hear, de Perri Klass, publicado pelo The New York Times, em 10/5/2010.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O que os pais e professores precisam saber sobre surdez


Durante meu contato com crianças surdas pude perceber que a família e o professor são fundamentais para o bom desenvolvimento da criança surda.
Muitos pais não conhecem outras formas alternativas de comunicação e criam um código de comunicação que somente os que moram com a criança conhecem chamado de linguagem caseira essa maneira de comunicação é extremamente prejudicial para a criança surda.
Na escola a criança surda não se sente bem porque o professor e seus colegas de classe não conseguem interpretar seus gestos.
Os pais de crianças surdas tem a obrigação de oferecer outra forma de linguagem para seu filho com que ele possa se comunicar não somente com os que convivem com ele e sim, com toda a sociedade.
Todos nós em nossa vida passamos por uma situação delicada, mas, falamos e a medida que podemos procuramos nós mesmos resolver, os surdos não estão livres de passarem por situações delicadas é preciso que outras pessoas possam compreendê-los para poder interpretá-los, existem casos graves que aconteceram com surdos e que somente um intérprete pode resolver.
Oralismo é a linguagem padrão do mundo ouvinte, mas, a Língua de Sinais é a forma de expressão que o surdo elegeu como primeira língua por ser mais fácil de ser aprendida e possui estrutura frasal própria.
Na Língua de Sinais as mãos são utilizadas de maneira metódica seguindo quase sempre os mesmos sinais para as mesmas coisas o que facilita muito a interpretação por outras pessoas que conhecem a Língua de Sinais (LIBRAS).
Para o professor a exigência é o respeito a cultura do surdo e o conhecimento da lóngua de sinais LIBRAS , mas, o mais importante é estar disposto a aceitar esta criança e entender que ela é diferente e aprende diferente.
Depois, é procurar conhecer quais são suas diferenças e procurar um método adequado para trabalhar essas diferenças e não ver nessas diferenças limitações o profissional que atua com a criança surda deve estar sempre alerta ao método que trás os melhores resultados no aprendizado e deve estar também preparado para um envolvimento afetivo total sem restrições.
Os pais e professores que acreditam que seu filho surdo ou aluno pode se desenvolver dentro de suas possibilidades igualmente aos ouvintes farão tudo para que isso aconteça, já os pais e professores que não se importam nem em ensinar uma linguagem aceitável na sociedade e falam com seu filho somente o essencial somente para comandar ações esses não contribuem em nada, pelo contrário prejudicam.
E assim também são os professores que preocupados apenas com o diagnóstico do aluno, se for surdo profundo então, a escola vem abaixo professor e coordenador, todos querendo fazer com que este aluno vá para uma escola especializada que atenda alunos surdos.
O professor não se dá a chance de enfrentar este desafio e nem ao menos permite que o aluno o faça que demonstre seus talentos; o professor já o discrimina sem conhecer , segundo Rubem Alves autor do livro "Conversas com quem gosta de ensinar" ser professor é profissão, e ser educador é vocação".
Acredito no potencial do educador que outrora se encontra adormecido e nada como bons desafios para despertá-los.
O professor que têm em sua sala de aula, aluno com deficiências físicas e neurosensoriais que são perspectivas estando consciente desta diferença procurará recursos que o auxiliem para fazer com que o aluno aprenda.
Primeiro saber qual a diferença que o aluno apresenta, depois procurar ajuda de outros profissionais especializados.
Existem outros tipos de distúrbios de aprendizagem que julgo serem piores, porque pais e professores não conseguem perceber e com isso a criança é tratada de desatenta , desleixada e sem ter conhecimento do seu problema passa a vida inteira sofrendo, os professores que desconhecem os distúrbios de aprendizagem não saberão fazer o diagnóstico, portanto não irão procurar ajuda.
Percebo que a Escola Inclusiva é vista como um Bicho Papão que assusta os professores despreparados e também as crianças especiais, porque obriga a aceitar a criança, mas, não dã o preparo e não fornece os recursos pedagógicos para receber essas crianças.
Os surdos precisam de oportunidades para que possam desenvolver seu potencial e assim enfrentar esse mundo competitivo e preconceituoso.
Os pais que se interessam em fazer com que seu filho aprenda a comunicação do mundo ouvinte com certeza estará proporcionando ganhos elevados para seu filho.
O desenvolvimento da linguagem por meio da língua oral que é o padrão do mundo ouvinte não é uma linguagem fácil de ser aprendida pelos surdos.
Por isso farão uma recomendação aos pais não se detenham apenas na linguagem oral sejam flexíveis se perceberem que está sendo penoso para o filho aprender o Oralismo aceitem a língua de sinais e adotem o Bilinguismo que considera a língua de sinais como língua materna dos surdos e aprendam com eles e para eles o Ballet das Mãos.

Texto extraído do site Aprendiz

domingo, 18 de abril de 2010

Bebê ou criança surda

Escrito por Vilma Medina
Como detectar se a criança ou bebê é surdo. Nos primeiros meses de vida, o bebê ainda não é capaz de fazer uma relação entre as emoções que experimenta e o que podem significar. O bebê depende totalmente de sua mamãe para sentir-se compreendido e atendido nas suas necesidades básicas. Quando ele está incomodado ou vive alguma tensão, é sua mãe que identifica a origem do mal estar e lhe oferece alívio necessário para que seu equilíbrio seja recuperado.

A repetição constante dessas experiências é o que possibilita o desenvolvimento da capacidade de pensar do bebê. Esta situação se dificulta quando o bebê apresenta um transtorno, parcial ou total, em seu aparelho auditivo. Quando chora, o bebê não poderá tranquilizar-se porque não chegará a ouvir a voz de alento da mãe. Isso pode gerar sentimentos de insegurança, de abandono, e fazer com que o bebê não se sinta correspondido pelos pais, ou que se sinta distante deles. Nesta fase, dos bebês, é muito difícil detectar uma deficiência auditiva.
Como posso saber se meu filho ouve bem

Segundo alguns especialistas, a surdez é mais facilmente detectada somente a partir dos 2 ou 3 anos. Quando se trata de uma criança, é mais cômodo notar alguma dificuldade nesse sentido, já que este problema pode alterar seu comportamento. Ela deixará de responder quando seus pais a chamam, pedirá que aumentem o volume da televisão, do aparelho de música, e isso também influirá no seu trabalho do colégio, como também em sua conduta. Se mostrará mais reservado, excluído, porque se sentirá inseguro.

Existem alguns sinais e situações nas que os pais podem suspeitar quando alguma coisa não vai bem com a audição do seu filho: Exemplos:

1- Quando o bebê recém-nascido não mostra sobressalto nem se desperta diante de qualquer ruído do ambiente;

2- Quando os bebês e crianças fazem muito barulho durante os jogos;

3- Quando um bebê, de mais de 3 meses, não vira ao chamá-lo;

4- Quando um bebê de aproximadamente 1 ano não inicia linguagem;

5- Quando uma criança, no seu primeiro ano de vida, não balbucia nem responde aos sons nem às chamadas normais em uma família;

6- Quando uma criança, de 2 anos de idade, ainda não diz papai nem mamãe;

7- Quando uma criança, aos 2 anos de idade, atende somente às ordens simples e básicas, sem olhar a quem as produz;

8- Quando uma criança, de 3 anos de idade, não diz palavras, mas emite ruídos que não se entendem;

9- Quando uma criança, aos 3 anos de idade, não é capaz de repetir frases com mais de duas palavras;

10- Quando uma criança, aos 4 anos de idade, não sabe nos contar o que acontece;

11- Quando um menino, aos 5 anos de idade, ainda fala como bebê;

12- Quando uma criança é muito passivo e não incomoda;

13- Quando uma criança pronuncia mal as letras: R, S, D, L, J, e T;

14- Quando o bebê seja demasiadamente tranquilo;

15- Quando o bebê não se altera diante de ruídos inesperados

Aparelho Auditivo

Surdez e Linguagem

Primeiramente vamos falar sobre o conceito de surdez. É bastante comum ouvirmos as pessoas se referirem ao surdo como "mudo", ou pior, "mudinho", surdo-mudo, deficiente auditivo, entre outros. A maioria dos surdos não apresenta nenhuma deficiência no aparelho fonador, ou seja, seus órgãos internos e externos da fala estão intactos, por isso não podem ser considerados como mudos.
Então por que alguns não falam quase nada ou falam diferente?
Todos os surdos vocalizam, algumas vezes produzem sons mais graves, outras vezes mais agudos, porém, por não ouvirem, não têm feedback auditivo.
As pessoas da família ou outros ouvintes, que convivem com a pessoa surda já estão mais acostumados com seu tipo vocal, por isso compreendem melhor o que ele diz.
A oralidade no surdo depende de alguns fatores, entre os quais estão o momento do aparecimento da surdez , que pode ser pré-lingual, peri-lingual ou pós lingual; do grau de surdez, que varia de perda leve, perda moderada, perda severa, perda profunda e perda total; e do estímulo da fala, que quanto mais precoce, maiores as possibilidades de uma criança com surdez severa ou profunda por exemplo desenvolver a oralidade.
Mas, por que Surdo?
Os surdos não se definem como deficientes porque procuram enfatizar o aspecto cultural e lingüístico da surdez e não a ausência de algo, no caso, da audição.
Mudo é a pessoa incapaz de falar, por defeito do aparelho fonador (dicionário Silveira Bueno); Impossibilitado de falar, por defeito orgânico ou por acidente; silencioso; calado (dicionário on- line - Priberam); Privado do uso da palavra por defeito orgânico ou causa psíquica (dicionário Aurélio).
Feedback auditivo é uma expressão para designar um retorno auditivo que permite o autocontrole da fala.
Ouvinte é o termo utilizado pelos surdos para se referirem aos não surdos.
A Surdez Pré-lingual é caracterizada pela total ausência de memória auditiva, sendo por isso extremamente difícil a estruturação da linguagem. A Surdez Peri-lingual surge nas crianças que falam mas que ainda não lêem, situação em que, se não existir um acompanhamento eficaz, se dá uma rápida degradação da linguagem. A Surdez Pós-lingual surge quando a criança já fala e lê, não se acompanhando praticamente de regressão devido ao suporte da leitura.
Dependendo do grau de surdez, a prótese auditiva pode ser muito útil na aprendizagem da fala. Nos casos de perda severa à total, a prótese não produz muitos efeitos.
A existência de uma comunidade, que se identifica como grupo cultural, contribuiu para que os estudos sobre a surdez ganhassem espaço no campo dos estudos culturais. Antes disso, a surdez era exclusivamente objeto dos estudos médico- terapêuticos.
As Comunidades surdas e as Línguas de Sinais
Durante muito tempo e até algum tempo atrás, os surdos eram submetidos a duras e longas sessões de reabilitação da fala nas próprias escolas de surdos, cujo objetivo era transformar esses alunos num modelo mais próximo possível ao ouvinte.
A língua de sinais foi proibida nas escolas de surdos no final do século XIX e por quase cem anos, pois, muitos estudiosos da época acreditavam que a língua de sinais retardaria o desenvolvimento da fala e que contribuiria para a segregação dos surdos, excluindo-os da sociedade majoritária ouvinte.
Mas as línguas de sinais, que já estavam estruturadas em vários países e era utilizada pelos surdos para se comunicarem em outros contextos além do espaço escolar, sobreviveu, principalmente nas associações de surdos.
Até hoje as associações de surdos desempenham um papel fundamental de espaço de produção cultural e de disseminação da identidade e da cultura surda tendo a Língua de Sinais como elemento principal e determinante dessa cultura.
Em algumas cidades que não existem associações de surdos, eles costumam se reunir em locais específicos. Esses encontros podem ser em uma praça, um terminal urbano, um parque, entre outros.


PARA CONHECER AS ASSOCIAÇÕES DE SURDOS NO BRASIL ACESSE
http://www.cbsurdos.org.br/

Segundo Tomaz Tadeu da Silva, autor do livro "Identidade e Diferença" "a identidade e a diferença são criações sociais e culturais".(p.76)
A identidade surda é criada e fabricada pelas pessoas surdas no convívio com outros surdos falantes de uma mesma língua.
Os estudos surdos, que se definem como uma ramificação dos estudos culturais, buscam aprofundar as questões que evidenciam a existência da identidade e cultura surda, ainda que os surdos estejam inseridos no meio ouvinte.
As comunidades surdas, atualmente, se articulam, assim como outras minorias étnico-lingüístico-culturais, na luta por reconhecimento lingüístico e por direitos que garantam sua liberdade de expressão e acessibilidade, facilitando seu desenvolvimento como ser humano integral e o exercício de sua cidadania.
O final do século XX e início do século XXI no Brasil têm sido fortemente marcados por movimentos surdos, resultando em conquistas bastante significativas para as comunidades.
No dia 26 de setembro de 2006 foi realizada uma passeata feita pela comunidade surda de Niterói-RJ. A passeata com o tema "orgulho surdo" realizada no Dia Nacional dos Surdos, remete a sociedade a enxergar a surdez com outros olhos, associando-a a questão da diversidade e da diferença.


PARA SABER MAIS
Veja: http://www.eusurdo.ufba.br/arquivos/estudos_surdos_feneis.doc


Métodos de Ensino para Surdos


Vimos que a língua de sinais nunca foi extinta embora tenha sofrido sérias restrições nas instituições educativas.
O congresso de Milão, em 1880, foi o marco do período denominado por alguns autores como "período das trevas da pedagogia oralista"
Agora vamos conhecer algumas características dos métodos utilizados na educação de surdos e os novos rumos que tem tomado essa educação, bem como as leis que amparam e respaldam a educação dos surdos no Brasil.


Os cinco modelos educacionais na Educação de Surdos:


• ORALISMO


• COMUNICAÇÃO TOTAL


• BILINGUISMO


• PEDAGOGIA DO SURDO


• MEDIAÇÃO INTERCULTURAL


Oralismo


"O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação auditiva". (GOLDFELD, 1997, p.31)


Talvez você pense: "Mas, que mal há em ensinar o surdo a falar a língua padrão do país, pois, se a maioria das pessoas utiliza esta língua será muito mais fácil o convívio dele na sociedade".


O problema da filosofia oralista não é este, mas o fato de não aceitar a língua de sinais como língua natural do surdo e impor a língua oral. É fazer da escola um espaço de reabilitação da fala, transformando-a em uma clínica fonoaudiológica.


O surdo tem direito de aprender a língua oral escrita ou falada, mas a escola deve garantir a ele, primeiramente um ambiente linguístico rico, que favoreça o seu desenvolvimento integral (social, cognitivo, afetivo, psicomotor,etc) o que as longas sessões de terapia da fala não permitiam, trazendo sérios prejuízos ao desenvolvimento da criança surda.


Ainda hoje existem escolas que trabalham na perspectiva de ensino oralista, apoiando-se em experiências de casos isolados de surdos que conseguiram desenvolver a fala e se destacarem socialmente. Porém, mesmo nessas escolas não se pode proibir mais a língua de sinais, pois a legislação vigente não permite tal medida.


Comunicação Total


O próprio nome é bastante sugestivo, pois a Comunicação Total é um modelo de educação que utiliza todas as possíveis formas de comunicação como auxiliares no desenvolvimento da fala, inclusive gestos naturais das crianças surdas, alfabeto manual, leitura oro-facial1 e utilização de aparelhos auditivos.


Essa modalidade de educação foi desenvolvida em meados de 1960, após detectado o fracasso do oralismo puro em muitos sujeitos surdos.


Bilingüismo


A proposta educativa em questão entende que o bilinguismo consiste no ensino da língua oral e língua de sinais separadamente.


Dentro desta proposta de ensino a língua de sinais é reconhecida como língua materna, natural e primeira a ser adquirida pela criança surda e a língua portuguesa como uma segunda língua, considerando que por ser majoritária, a aquisição desta segunda língua é necessária para que o surdo tenha maior acesso às informações em geral e melhores condições de convivência no meio ouvinte.


Pedagogia do Surdo


Este modelo pedagógico é aspirado pela comunidade surda, que busca reafirmar sua identidade e emancipar-se das práticas ouvintistas na educação de surdos. Entende a escola como um espaço de vivências e experiências culturais compartilhadas entre os sujeitos surdos. A Língua de Sinais deve ser o principal veículo de comunicação e instrução dos surdos dentro da escola, sem interferências da língua oral. A história da educação dos surdos e das línguas de sinais passa a compor o conteúdo estruturante das aulas.


A Pedagogia do Surdo valoriza a presença do profissional surdo dentro da escola. A criança surda, desde a educação infantil, deve estar em contato constante com a Língua de Sinais, que, irá mediar o processo de desenvolvimento integral dessa criança.


1 Leitura oro-facial é a leitura labial associada à visualização de toda a fisionomia da pessoa que fala, incluindo sua expressão fisionômica e gestos espontâneos. Leitura labial é a capacidade de "ler" a posição dos lábios e captar os sons que alguém está fazendo. É útil quando o interlocutor formula as palavras com clareza. Porém, é provável que até o melhor leitor labial adulto só consiga entender 50% das palavras articuladas (talvez menos). O resto é pura adivinhação. Muitos sons são invisíveis nos lábios. Por exemplo, a diferença entre as palavras "gola" e "cola" dependem unicamente dos sons guturais. Outros sons, como "p" e "m", "d" e "n" e "s" e "z", podem ser facilmente confundidos. Se a pessoa não souber bem qual o assunto da conversa, terá mais dificuldade de fazer a leitura labial. Para quem já nasceu surdo, a leitura labial é muito mais difícil do que para alguém que tinha audição, pois tem de imaginar os sons que nunca foram ouvidos.


2 Bernardino (2000), cita Appel e Muysken sobre três definições de bilinguismo, baseados em três autores diferentes: 1) "um bilíngue deve possuir um domínio de duas ou mais línguas como um nativo" (Bloomfield); 2) "uma pessoa poderia ser qualificada como bilíngue se tiver , além das habilidades em sua primeira língua, algumas habilidades em uma das quatro modalidades (falar, entender, escrever ou ler) da Segunda língua"(Macnamara); e 3) a prática de utilizar duas línguas de forma alternativa.


3 Ouvintismo: "(...) é um conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e narrar-se como se fosse ouvinte". (SKLIAR, 1998, p 15).


4" A expressão Pedagogia para surdos foi traduzida por Pedagogia da Diferença, pela pesquisadora surda, Gladis Perlin (Mestre em Educação de Surdos pela UFRGS, doutora na mesma linha e Coordenadora do Setor de Educação da FENEIS/RS) quando ministrou a aula inaugural do Curso de Pedagogia para Surdos em 9/3/02, na UDESC". (MACHADO, 2008, p 75).


Mediação Intercultural


O procedimento parte do conceito de que: "Todos nós nos localizamos em vocabulários culturais e, sem eles, não conseguimos produzir enunciações enquanto sujeitos culturais". ( Hall, 2003, p.83).


Nesse contexto, a cultura ouvinte não serve de parâmetro para o surdo, não regula mais as ações educativas nas escolas de surdos, mas o outro cultural é indispensável para afirmação da própria cultura dos sujeitos surdos.


Os três últimos modelos de educação descritos acima são mais recentes, mas todos valorizam a Língua de Sinais e consideram a necessidade de constituição das identidades surdas.


Ainda há outras considerações importantes sobre a Educação de Surdos, como a adoção da prática de letramento para surdos.


Surdez e "Letramento"


Alguns estudos têm apontado para a ineficácia dos métodos de alfabetização no ensino da língua escrita para surdos, pois eles requerem do alfabetizando a capacidade de codificação e decodificação de sons. Os surdos, por não ouvirem, têm dificuldades de fazer associações entre o som e a palavra escrita.


Diante dessas considerações, algumas escolas de surdos estão adotando a prática do "letramento' .


O "letramento" visa a uma leitura mais consciente dos textos, considerando o contexto em que se apresenta, e não a simples decodificação de sons e palavras isoladas.


O processo de letramento envolve a associação entre a linguagem verbal e não-verbal atribuindo sentidos à escrita, como no exemplo abaixo.


Você é capaz de decodificar essa escrita pela informação visual? O que antes parecia sem sentido ficou bem mais claro agora, não é?


A partir desse exemplo você pode ter uma noção melhor do que é o letramento para surdos.


PARA SABER MAIS ACESSE:


http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-educar/educacao-especial/artigos/letamento%20e%20surdez.pdf


Aspectos Lingüísticos da LIBRAS


As línguas de sinais começaram a ser objeto da linguística a partir dos estudos de William Stokoe, um linguista escocês que vivia e trabalhava nos Estados Unidos. Em 1955, ele se tornou professor do Departamento de Inglês do Gallaudet College, hoje conhecida como Gallaudet University. Nessa época, ele ainda não conhecia a Língua de Sinais Americana (ASL). Ele teve de aprender alguns sinais, que ele usava ao mesmo tempo em que dava suas aulas em inglês, como a maioria dos outros professores. Stokoe, logo percebeu que existia uma diferença entre a sinalização que ocorria quando um surdo se comunicava com outro, e a que ele usava como acompanhamento de palavras em inglês, durante suas aulas. A partir daí, ele começou a observar cuidadosamente a sinalização usada pelos surdos e demonstrou que aquela sinalização era uma língua autônoma, que seguia uma gramática própria.
Seus estudos revolucionaram a educação de surdos, contribuindo para o reconhecimento de várias línguas de sinais no mundo todo.


Alfabeto Manual ou Datilologia


É bastante comum ouvir uma pessoa dizer que conhece a língua de sinais, quando, na verdade o que conhecem é o alfabeto manual da língua de sinais.


Assim como as línguas de sinais, o alfabeto manual não é universal, cada língua de sinais tem seu próprio alfabeto.


O Alfabeto manual da Libras, teve sua origem ainda no Império. Em 1856, o conde francês Ernest Huet desembarcou no Rio de Janeiro com o alfabeto manual francês e alguns sinais. O material trazido pelo conde, que era surdo, foi adaptado e deu origem ao alfabeto manual da Libras, que temos hoje.


3 "A linguística é o estudo científico das línguas naturais e humanas. As línguas naturais podem ser entendidas como arbitrárias e /ou como algo que nasce com o homem". (QUADROS e KARNOPP,2004 p.15)


O dicionário de LIBRAS, tem um vocabulário bastante amplo, vamos nos fixar, por enquanto, apenas nas letras do alfabeto.
http://www.acessobrasil.org.br/libras/


O alfabeto manual serve para soletrar algumas palavras que não têm sinal próprio, por exemplo nomes de pessoas, cidades, ruas e outros.


Fonologia das Línguas de Sinais


Vamos conhecer o esquema linguístico proposto por Stokoe para a formação dos sinais. Ele propôs a decomposição dos sinais (ASL), em três parâmetros principais.


• Configuração de mão (CM)


• Ponto de articulação (PA)


• Movimento da mão (M)


Outros pesquisadores contribuíram para a inclusão de mais dois parâmetros no estudo das línguas de sinais:


• Orientação da mão (Or)


• Expressões não-manuais (ENM)


4 "Fonologia é o ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma, do ponto de vista de sua função no sistema de comunicação linguística".


5" Fonologia das línguas de sinais é o ramo da lingüística que objetiva identificar a estrutura e a organização dos constituintes fonológicos, propondo modelos descritivos e explanatórios". A fonologia para língua de sinais determina quais são as unidades mínimas que formam os sinais e estabelece padrões possíveis de combinação entre essas unidades, bem como variações possíveis no ambiente fonológico. (Quadros e Karnopp, 2004. p.47)


A Configuração de mão se refere à forma que a mão assume durante a realização de um sinal.


Observe essa lista de configurações de mão:

sábado, 20 de março de 2010

A Influência da Família na Vida da Criança Surda e da Criança Ouvinte


Deise Zambeli*

Graciela Rodrigues*

Melânia de Melo Casarin**





Ao longo da vida dos surdos e de seus familiares, alguns problemas de ordem social, psicológica e educacional são vivenciados, favorecendo o aparecimento de tensões. Dentre estas podemos citar o diagnóstico da surdez como sendo o marco inicial das mesmas.

No momento em que a mãe aguarda o nascimento de seu filho, é criada uma imagem de criança “ideal”, ou seja, que não apresente nenhuma anormalidade. Porém, se esse filho tão desejado apresentar algo fora dos padrões considerados “normais”, qual será a reação desta família, se ela for de ouvintes? E, se ela for de surdos?

Diante destes questionamentos, considera-se que o contexto familiar de ambas as situações é distinto. Se os membros familiares (pai e mãe) forem ouvintes, ao receberem o diagnóstico da surdez de seu filho, haverá dificuldade na aceitação desta criança, pois não houve nenhuma preparação emocional para esta situação. Por outro lado, no contexto familiar de surdos, os pais estão dentro de uma comunidade surda e esta situação de ter um filho surdo não vai lhes causar pânico e rejeição pelo fato de conviverem com esta condição.

Pesquisas no âmbito do desenvolvimento das crianças surdas, filhas de pais ouvintes, e crianças surdas, filhas de pais surdos, demonstram que o mesmo é significativamente diferenciado.

Na primeira situação as crianças adquirem uma menor autoconfiança, muitas vezes não estabelecem uma comunicação correta com seus pais devido, na maioria dos casos, pelo desconhecimento da Língua de Sinais, confinando-se a códigos lingüísticos pobres e às vezez inexistentes, o que irá refletir na sua escolarização. Já na segunda situação, é estabelecida uma melhor interação entre a criança e seus familiares, o que lhe proporcionará autoconfiança, bem como motivação e, além disso, terão uma forma de comunicação efetiva em Língua de Sinais.

Segundo alguns teóricos, os pais ouvintes têm anseio de que seus filhos aprendam a falar, como se isso fosse a “solução” para os problemas. Acrescentam ainda que quanto mais tarde a surdez for diagnosticada maior será o prejuízo com relação ao desenvolvimento da linguagem, pois esclarecem que, a partir de 2 ou 3 anos, a criança inicia seu aprendizado da linguagem e, se o diagnóstico tardar, os aspectos lingüísticos e cognitivos poderão ficar comprometidos.

A partir dessas considerações, observa-se o quanto é importante o ambiente familiar, as interações entre os surdos e seus pares e entre surdos e ouvintes a fim de que essas pessoas possam adquirir uma identidade e para que seu desenvolvimento psíquico, social e educacional ocorra de forma satisfatória.

* Acadêmicas do curso de Educação Especial – UFSM.

* * Professora – UFSM

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Seu filho ainda não fala? Saiba se é o caso de se preocupar

Por Perri Klass* The New York Times

Se o desenvolvimento e a audição da criança estão bem, uma questão é considerar o ambiente. Alguém conversa com o bebê? Não há nada simples na fala, nem no atraso da fala – a começar pelo desafio de seu diagnóstico.

Todo pediatra conhece a frustração de tentar qualificar habilidades da fala e da linguagem de uma criancinha que chora. Quantas palavras ele consegue dizer? Ela consegue colocar duas ou mais palavras juntas numa frase? Outras pessoas, que não você, conseguem entendê-lo quando ele fala? Perguntas como essas, feitas aos pais, são os parâmetros rápidos e crus que muitas vezes usamos.

Crua ou não, a avaliação é crucial: quanto mais cedo ela é feita, mais cedo a criança com atraso na fala pode receber ajuda. Quanto mais cedo a ajuda, melhores as perspectivas.

“O médico que entende o atraso na fala entende o desenvolvimento infantil”, afirmou Dr. James Coplan, pediatra de desenvolvimento neural em Rosemont, Pensilvânia, que criou um método para medir a linguagem da criança, do nascimento até os 3 anos.

“As crianças no primeiro ano entendem grande parte do que ouvem ao seu redor”, disse Diane R. Paul, diretora do grupo de questões clínicas em patologia da linguagem e da fala. Crianças de um ano, ela continuou, “começam a usar palavras soltas, seguir orientações simples, apontar para partes do corpo e ouvir histórias simples”. Com cerca de 2 anos, elas começam a unir palavras; aos 3, elas devem usar frases de, no mínimo, três palavras.

As primeiras expressões podem ser simples, mas o que as produz é muito complexo. Quando uma criança não alcança esses marcos, pode haver várias razões. Coplan, que também é autor do livro “Making Sense of Autistic Spectrum Disorders” (Random House, 2010), afirma observar o atraso na fala num contexto bastante amplo, da cognição à comunicação. Será que é um problema puramente relacionado com a fala e a linguagem, ou há um atraso mais amplo? Será que algo deu errado nas relações sociais da criança?

A primeira coisa é perguntar se a criança pode ouvir. Hoje, todos os recém-nascidos têm sua audição examinada antes de deixar a maternidade, mas exames posteriores podem captar perdas de audição progressivas ou adquiridas.

Próxima pergunta: e o resto do desenvolvimento da criança? O atraso na fala e na linguagem pode ser uma forma como pais e pediatras notam pela primeira vez um atraso mais amplo no desenvolvimento.

“Você pode observar atrasos na linguagem receptiva, no uso de habilidades visuais, como apontar, habilidades de adaptação, como usar uma colher ou um lápis de cera”, disse Coplan. “Uma criança de 1 ano e meio que não segue comandos, que não usa uma colher para cavar, isso é um atraso mais amplo”.

Questões de fala e linguagem também podem ser indícios precoces de transtornos de neurodesenvolvimento, incluindo as várias formas de autismo. Nem todas as crianças com autismo têm fala atrasada, embora muitas vezes elas não usem suas palavras para se comunicar; uma criança assim pode ter memorizado o alfabeto, disse Coplan, sem nunca der aprendido a dizer “mamãe e papai”.

Se o desenvolvimento e a audição da criança estão bem, uma questão é considerar o ambiente. Alguém conversa com o bebê? Algo está atrapalhando – talvez um lar excepcionalmente caótico, talvez um pai depressivo? O desenvolvimento da linguagem e da fala exige estímulo.

Pediatras foram culpados no passado por serem lentos na realização de diagnóstico de atraso na fala, mas os tempos são outros; Coplan reconheceu a defesa dos pais e programas federais de intervenção precoce, que fazem com que crianças com menos de 3 anos possam receber uma avaliação gratuita.

“Acho que os médicos, agora que têm um lugar aonde mandar as crianças, estão muito mais propensos a fazê-los, em vez de dizer: ‘Vamos aguardar para ver’”, disse ele. “Não encontro as histórias de terror que ouvia 20, 30 anos atrás, quando os pais diziam: ‘Passamos por cima das objeções do nosso médico’”.

Ainda assim, como pediatra, nem sempre gerenciei bem os pais. Uma vez cuidei de um menino com quem me preocupava. Na sala de exames, ele parecia não ter habilidades normais de comunicação; cada vez mais eu tinha certeza que ele tinha algum grau de autismo.

Achei que ele não estava aprendendo palavras, mas temia muito mais porque, até onde eu sabia, ele não fazia contato visual, nunca respondia de forma clara a qualquer coisa que seus pais diziam ou faziam, porque parecia desconectado de alguma forma.

Os pais do menino desprezaram minhas preocupações e se recusaram a consultar outro médico indicado. Quando ele estava em casa com a avó, insistiam os pais, o menino conseguia se comunicar perfeitamente. Ele não precisava de ajuda.

Nesse caso, fiz o diagnóstico certo, mas minhas próprias habilidades de comunicação não foram suficientes.

Houve também o caso em que garanti aos pais: sua filha pode não falar tanto quanto a irmã quando tinha essa idade, mas ela diz muito mais que o mínimo para uma criança de 2 anos, ela entende tudo que vocês dizem e consegue obedecer a comandos complexos. Vamos aguardar para ver, vamos dar um tempo. Será que acertei dessa vez?

Os pediatras são sempre lembrados a ficarem atentos a atrasos na fala e na linguagem – não dar de ombros e simplesmente dizer que os meninos começam a falar depois das meninas, ou que irmãos mais novos começam a falar mais tarde em relação aos mais velhos. Esses fatores podem contribuir para uma variação normal, mas eles não deveriam ser usados para explicar o motivo pelo qual uma criança não alcança os marcos essenciais.

Como todo pediatra sabe, os verdadeiros especialistas nessa história são os patologistas de fala e linguagem.

Paul deu dicas genéricas a pais que querem melhorar as habilidades de comunicação de seus filhos: “Fale com sua criança sobre o que elas estão focadas. Leia para seu filho com frequência. Se eles são de uma família bilíngue, fale e leia para a criança na língua com a qual você se sente mais confortável. Fale claramente e de forma natural, use palavras reais. Mostre empolgação quando a criança fala”.

E ouça o que a criança tem a dizer.

*Perri Klass é médico

Fonte: notícias UOL

No mundo silencioso da fantasia

Como todas, as crianças surdas adoram o faz-de-conta. Isso ajuda no desenvolvimento



A fantasia é fundamental para a criança entender a realidade que a cerca. Para quem não ouve nem fala, o faz-de-conta representa muito mais: a integração no mundo das brincadeiras das crianças comuns, sem deficiência. A pedagoga Daniele Nunes Henrique Silva pesquisou o assunto, publicado no livro Como Brincam as Crianças Surdas, da Editora Plexus. Em seu trabalho, ela ressalta a importância de se conhecer a língua dos sinais para entrar na fantasia com os amiguinhos e se igualar a eles no desenvolvimento intelectual.

O que a levou a pesquisar as brincadeiras das crianças surdas?
No curso de graduação, na Unicamp, comecei a estudar as brincadeiras de faz-de-conta de crianças em orfanato, interessada em saber que papéis elas gostavam de interpretar. Minha professora na época estudava as crianças surdas, percebendo que elas brincavam muito com situações que as faziam sair da condição de surdas, como atender telefone e ouvir rádio. Fiquei interessadíssima e resolvi fazer minha tese de mestrado aprofundando esse tema, com base nas seguintes questões: Como a criança surda utiliza a língua dos sinais nas brincadeiras? Como encena os papéis sociais? Que relação tem essa escolha com a linguagem?

O que você descobriu?
A pressão do mundo ouvinte é grande sobre a criança surda e ela quer entendê-lo. Uma das formas de fazer isso é brincando, e quando conhece a língua brasileira dos sinais, esse universo da brincadeira fica mais amplo. Ela pode explicar para o amigo o que está representando na brincadeira ou do que pretende brincar. Pode pegar uma cobra de pano, por exemplo, e indicar para a outra criança que aquilo virou uma moto. Esse ato de brincar com as idéias é essencial no desenvolvimento infantil. Para a criança surda que não domina a linguagem dos sinais, a brincadeira fica difícil porque ela não consegue passar sua idéia para o outro. Como ela diz para o parceiro que estão brincando de dirigir?

A brincadeira dessa criança precisa ser adaptada?
Não, a criança com surdez brinca da mesma forma que as outras. A diferença está na maneira de se comunicar. Por meio da palavra, ambas entram no mundo do faz-de-conta. No caso da criança surda, os sinais são a palavra. Quanto mais cedo ela aprender essa linguagem, melhor para seu desenvolvimento. Porque ela terá maior condição de representar o mundo e de se expressar sobre ele. Essa é a base de todo raciocínio da criança e o fundamento de todo pensamento simbólico, abstrato e representativo.

O que chamou mais a atenção nas brincadeiras dessas crianças?
A criança surda organiza a brincadeira de um jeito diferente, porque utiliza as mãos para tudo, fazer sinais, gestos e compor expressões corporais. E tem de representar com muita rapidez para o colega entender, entrar no enredo e não desistir da brincadeira. Se ela não sabe a língua dos sinais, a brincadeira não se desenvolve tanto quanto no faz-de-conta da criança ouvinte, que recheia sua fantasia com muitos diálogos e representações. Outro aspecto é que o faz-de-conta começa quando a criança aprende a falar. Por volta dos 2 anos todas têm essa capacidade. No caso da criança com surdez, é quando ela começa a se expressar por sinais. Daí a importância de os pais detectarem o problema cedo e usarem a linguagem dos sinais com o filho o quanto antes. A criança que ouve participa do mundo muito antes de falar. A mesma coisa precisa ocorrer com o deficiente auditivo. Ele precisa estar inserido no universo da sua língua muito antes de começar a falar.

Que dicas você poderia dar de como brincar com a criança surda?
É ela que nos ensina a brincar. Muitos me perguntam se tem um brinquedo específico para surdos. Os brinquedos são iguais para todo mundo. Não se pode discriminar brinquedos, a sociedade já está por demais discriminada. Se for pensar assim, daqui a pouco vai ter brinquedo para branco, negro, índio, chinês. Não é preciso ensinar uma criança a brincar. No caso do deficiente auditivo, é só dar a ele ferramentas para se comunicar, para que ele faça fluir sua imaginação.

Dá para ensinar a língua dos sinais na brincadeira?
Esse aprendizado deve funcionar igual ao da fala para a criança ouvinte. Não a ensinamos a falar. No cotidiano, com a convivência com os pais, suas atividades são marcadas pela fala. Deve ser assim com a criança surda. O neurologista Oliver Sacks escreveu sobre isso num livro, descrevendo um lugar nos Estados Unidos, a ilha de Martha's Vineyard, no estado de Massachusetts, onde a maioria dos habitantes é surda. Ele diz que quando se chega lá você é o diferente, porque é o ouvinte e todos se comunicam por sinais. E o desenvolvimento das pessoas é igual ao de qualquer ouvinte. É isso que os pais de crianças surdas têm de entender, o quanto é importante aprenderem a língua dos sinais, como se fossem surdos também, para transmiti-la ao filho.

Como Brincam as Crianças Surdas
Daniele Nunes Henrique Silva
Editora Plexus
Fonte: Revista Crescer, Edição 110 Jan/03
http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC464887-2337,00.html

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Atenção com os Bebês

As crianças pequenas não contam se ouvem bem ou não. É necessário que os adultos estejam sempre atentos ao menor sinal de perda auditiva.
A criança pode ter perda auditiva se:

* tem parentes que nasceram surdos.
* a mãe teve rubéola na gravidez.
* o parto foi demorado.
* nasceu prematura ou com menos de 1,5kg.
* teve icterícia (ficou amarelinho) quando nasceu.
* teve meningite.
* tomou medicamento ototóxico.

Fique atento se a criança:
* 0 a 3 meses não acorda com barulhos fortes.
* 3 a 6 meses não movimenta a cabeça em direção aos sons
* 6 meses a 1 ano não emite sons.
* não reconhece o próprio nome
* 1 a 2 anos não compreende palavras cotidianas.
* não reconhece o próprio nome e o das pessoas próximas.
* não forma frases curtas.
* Até 3 anos não conversa assuntos do dia-a-dia.
* não obedece a ordens simples.
* não conversa com outras crianças.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

LIBRAS e Educação Infantil pra Crianças Surdas

Falar sobre educação infantil para surdos exige uma discussão prévia sobre as línguas de sinais o processo de aquisição da linguagem por crianças surdas e os seus direitos linguísticos. Isso se faz necessário, uma vez que a língua natural das crianças surdas é a língua de sinais.
Língua Brasileira de Sinais
A língua de sinais brasileira é uma língua usada pela comunidade surda brasileira. É uma língua reconhecida pela Lei 10436/2002 e pelo Decreto 5626/2005. Essa língua é visual-espacial, ou seja, se realiza no espaço com articuladores visuais: as mãos, o corpo, os movimentos e o espaço de sinalização. É uma língua usada entre os surdos, a partir do momento em que acontece o encontro surdo-surdo. As escolas, as associações dos surdos, os pontos de encontros são locais em que a comunidade surda se encontra e usa a sua língua.
Existem diferentes línguas de sinais para cada comunidade de surdos. Como já foi mencionado, existe a língua de sinais americana ASL que é usada por surdos dos Estados Unidos, há a língua de sinais brasileira LIBRAS que é usada pelos surdos dos grandes centros urbanos do Brasil e assim por diante.
Os estudos da língua de sinais americana começaram na década de 50 através de uma descrição realizada por Willian Stokoe, publicada em 1965 pela primeira vez (Stokoe et alli, 1976). Esse trabalho representou uma revolução social e linguística. A partir dessa obra, várias outras pesquisas foram publicadas apresentando perspectivas completamente diferentes do estatuto das línguas de sinais (Bellugi & Klima, 1972; Siple, 1978; Lillo-Martin, 1986) culminando no seu reconhecimento linguístico nas investigações da Teoria da Gramática com Chomsky (1995:434, nota 4) ao observar que o termo "articulatório" não se restringe a modalidade das línguas faladas, mas expressa uma forma geral da linguagem ser representada no nível de interface articulatório-perceptual incluindo, portanto, as línguas sinalizadas.
Quase que em paralelo a esses estudos, iniciaram-se as pesquisas sobre o processo de aquisição da linguagem em crianças surdas filhas de pais surdos (Meier, 1980; Loew, 1984; Lillo-Martin, 1986; Petitto, 1987). Essas crianças apresentam o privilégio de terem acesso a uma língua de sinais em iguais condições ao acesso que as crianças ouvintes têm a uma língua oral-auditiva . No Brasil, a língua de sinais brasileira começou a ser investigada na década de 80 (Ferreira-Brito, 1986) e a aquisição da língua de sinais brasileira nos anos 90 (Karnopp, 1994; Quadros, 1995).
Todos esses estudos concluíram que o processo das crianças surdas adquirindo língua de sinais ocorre em período análogo à aquisição da linguagem em crianças adquirindo uma língua oral-auditiva. Assim sendo, mais uma vez, os estudos de aquisição da linguagem indicam universais linguísticos. O fato de o processo ser concretizado através de línguas espaciais-visuais, garantindo que a faculdade da linguagem se desenvolva em crianças surdas, exige uma mudança nas formas como esse processo vem sendo tratado na educação de surdos.
Tal língua apresenta todos os níveis de análise de quaisquer outras línguas, ou seja, o nível sintático (da estrutura), o nível semântico (do significado), o nível morfológico (da formação de palavras), o nível fonológico (das unidades que constituem uma língua) e o nível pragmático (envolvendo o contexto conversacional) .
Como o surdo se expressa para comunicar sua língua materna?
A língua de sinais é uma língua espacial-visual e existem muitas formas criativas de explorá-las. Configurações de mão, movimentos, expressões faciais gramaticais, localizações, movimentos do corpo, espaço de sinalização, classificadores são alguns dos recursos discursivos que tal língua oferece para serem explorados durante o desenvolvimento da criança surda e que devem ser explorados para um processo de alfabetização com êxito.
- estabelecimento do olhar- exploração das configurações de mãos- exploração dos movimentos dos sinais (movimentos internos e externos, ou seja, movimentos do próprio sinal e movimentos de relações gramaticais no espaço)- utilização de sinais com uma mão, duas mãos com movimentos simétricos, duas mãos com movimentos não simétricos, duas mãos com diferentes configurações de mãos.- uso de expressões não manuais gramaticalizadas (interrogativas, topicalização, focus e negação)- exploração das diferentes funções do apontar- utilização de classificadores com configurações de mãos apropriadas (incluem todas as relações descritivas e preposicionais estabelecidas através de classificadores, bem como, as formas de objetos, pessoas e ações e relações entre eles, tais como, ao lado de, em cima de, contra, em baixo de, em, dentro de, fora de, atrás de, em frente de, etc.);- exploração das mudanças de perspectivas na produção de sinais- exploração do alfabeto manual- estabelecimento de relações temporais através de marcação de tempo e de advérbios temporais (futuro, passado, no presente, ontem, semana passada, mês passado, ano passado, antes, hoje, agora, depois, amanhã, na semana que vem, no próximo mês, etc.)- exploração da orientação da mão- especificação do tipo de ação, duração, intensidade e repetição (adjetivação, aspecto e marcação de plural)- jogos de perguntas e respostas observando o uso dos itens lexicais e expressões não manuais correspondentes- utilização de “feedback” (sinais manuais e não-manuais específicos de confirmação e negação, tais como, o sinal CERTO-CERTO, o sinal NÃO, os movimentos de cabeça afirmando ou negando)- exploração de relações gramaticais mais complexas (relações de comparação, tais como, isto e aquilo, isto ou aquilo, este melhor do que este, aquele melhor do que este, este igual àquele, este com aquele; relações de condição, tais como, se isto então aquilo; relações de simultaneidade, por exemplo, enquanto isto acontece, aquilo está acontecendo; relações de subordinação, como por exemplo, o fulano pensa que esta fazendo tal coisa; aquele que tem isso, está fazendo aquilo)- estabelecimento de referentes presentes e não presentes no discurso, bem como, o uso de pronominais para retomada de tais referentes de forma consistente- exploração da produção artística em sinais usando todos os recursos sintáticos, morfológicos, fonológicos e semânticos próprios da LSB (tais recursos incluem, por exemplo os aspectos mencionados até então). A proposta é de tornar rica e lúdica a exploração de tais aspectos da língua de sinais que tornam tal língua um sistema linguístico complexo.
Considerando o ensino da língua portuguesa escrita para crianças surdas, há dois recursos muito importantes a serem usados em sala de aula: o relato de histórias e a produção de literatura infantil em sinais. O relato de histórias inclui produção espontânea das crianças e a do professor, bem como, a produção de histórias existentes; portanto, de literatura infantil.As crianças surdas tem a necessidade de visualizar os sinais para aprender a escrita, porém para as crianças surdas o contato com computador ajuda esta compreensão uma vez que é preciso material concreto.Os sinais e desenho são basicamente a substituição da audição, fazendo o visual indispensável para uma aprendizagem sólida.