domingo, 6 de junho de 2010

A perda auditiva em crianças

Apesar de invisível e silenciosa, a perda auditiva é uma das deficiências congênitas mais comuns, afetando de 2 a 4 bebês em cada mil. Difícil de se detectar mesmo em crianças mais velhas, muitas vezes é confundida com falta de atenção.

Pode ter origem genética ou resultar de infecção pré-natal, das chamadas infecções TORCH (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e “outras”), que podem atacar um feto em desenvolvimento e prejudicar a audição.

Antes da imunização, a rubéola era a maior ameaça, causando surdez, perda de audição e danos cerebrais. Hoje, o culpado mais comum é o citomegalovírus, uma infecção que pode não causar sintomas numa mulher grávida, mas afetar seu feto em desenvolvimento – especialmente se ela contraí-la no primeiro trimestre. A perda auditiva pelo citomegalovírus pode se desenvolver apenas depois do nascimento da criança.

Bebês prematuros ou aqueles doentes o bastante para precisarem de um tempo na UTI de recém-nascidos, também sofrem riscos de perda auditiva, algumas vezes pela privação de oxigênio, outras por infecções graves e outras por medicamentos.

Os fatores genéticos envolvidos são incrivelmente complexos. A perda auditiva pode fazer parte de mais de 400 síndromes genéticas. Em casos que não envolvem uma síndrome, mais de 100 genes diferentes podem estar implicados.

Os pais nem sempre estão cientes de que o problema tenha existido em outros membros da família e até 95% das crianças com perda auditiva genética nascem com audição normal.

Exame

Assim, como se testa a audição de um recém-nascido?

Existem duas tecnologias diferentes. Em emissões otoacústicas, um minúsculo microfone é inserido no ouvido de recém-nascido adormecido, para medir ecos da cóclea quando esta é estimulada pelo som. Com o exame auditivo automatizado de resposta da haste do cérebro, alguns pequenos eletrodos adesivos são colocados na cabeça do bebê para medir a resposta do cérebro a sons baixos.

O exame é o primeiro passo no chamado plano 1-3-6: examinar os bebês com 1 mês de idade, fazer uma avaliação diagnóstica aos 3 meses em todos os que não passaram, e colocar esses bebês em tratamento aos 6 meses.

Uma pesquisa conduzida na década de 1990 pela Universidade do Colorado, mostrou que as crianças que foram ajudadas aos 6 meses apresentavam um melhor desenvolvimento de fala e linguagem do que aquelas em que o problema foi identificado mais tarde.

A ajuda pode vir em forma de terapia de fala e linguagem, aconselhamento e treinamentos para pais e amplificação, incluindo dispositivos de audição, se necessário.

Crianças que nascem com audição normal e são aprovadas no exame, mas desenvolvem perda auditiva após o nascimento, podem passar despercebidas. Afinal, a audição pode se deteriorar também depois do nascimento – e a causa podem ser fatores genéticos, citomegalovírus ou danos gerados por trauma na cabeça, meningite ou exposição a barulhos muito altos.

A perda auditiva pode se desenvolver em qualquer momento da infância. Sempre que os pais tiverem alguma suspeita a respeito da audição de uma criança, seja a audição seletiva, a fala ou a linguagem, eles realmente precisam verificar a audição da criança.

A partir do texto What to Do When a Newborn Can't Hear, de Perri Klass, publicado pelo The New York Times, em 10/5/2010.

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